Perfil: Sabrina Espinós

Responsável pela gestão de infraestrutura e experiência do usuário no Mercado Livre é uma das candidatas ao “Prêmio Mulher Destaque em Facilities”

Arquiteta formada pela FAAP com pós-graduação em Gerenciamento de Empreendimentos na Universidade Mackenzie e Conforto Ambiental e Conservação de Energia pela FAU/USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo) Sabrina Espinós é a profissional responsável pela gestão da infraestrutura e experiência do usuário e serviços de facilities em cinco escritórios administrativos do Mercado Livre no Brasil.

Cabe à profissional cuidar da manutenção preventiva, preditiva e corretiva em elétrica, hidráulica, civil e ar condicionado. Gestão de transportes: transfers, Uber e taxi comum também entram no rol de tarefas, além do acompanhamento e gerenciamento do prestador de agência de viagens (compra de passagens, reserva de hotéis, etc).

Segurança patrimonial e limpeza; atendimento às demandas de usuários internos; alteração e proposta de layout; vendmachines; máquinas de café e cápsulas; e por fim, eventos também fazem parte da agitada rotina de Sabrina desde abril de 2018, quando passou a trabalhar em Osasco (SP) na sede brasileira da corporação de origem argentina batizada de “Melicidade”.

Mas engana-se quem acha que as atribuições acabam por aí. Cabe à gestora ainda o acompanhamento de toda a parte operacional executada pela empresa Cushmann & Wakefield, a gestão de orçamento Capex e Opex, além do acompanhamento de obras e reformas, gerenciamento de projetos e fornecedores.

“E também a gestão e implantação da área de projetos e fornecedores, de segurança do trabalho, assim como o acompanhamento e gerenciamento de seguros, licenças e alvarás de todas as edificações da companhia no Brasil, assim como a prospecção de novos imóveis para comportar o crescimento da companhia, além da gestão de reclamações e a parceria direta com o time de compras na contratação de fornecedores”, acrescenta.

Puxado? Não para Sabrina. “Eu amo, de verdade, o universo de Facilities e entregas relacionadas. Dos serviços menores que, quase ninguém percebe, até as grandes obras, decisões estratégicas que nosso escopo define (se crescemos fisicamente ou não, ocupação, melhorias e etc.).”, diz a profissional.

Para ela é difícil escolher apenas uma linha de atividades que mais gosta. “Se eu pudesse escolher apenas uma, não seria nenhuma entrega, mas sim fazer e ser fundamental para que a experiência de todas as pessoas seja única. E, ajudar no dia a dia, a manter os ambientes como um dos melhores para se trabalhar. É um baita orgulho!”.

Chegar a um denominador comum em relação à experiência dos usuários é o principal desafio diante de tantas responsabilidades. “Temos um leque tão grande de prestações de serviços e muitos se confundem com a percepção pessoal de cada ser humano. Ar condicionado é sempre um ponto sensível, por exemplo. Por mais que sigamos as normas de conforto ambiental, cada um tem a sua sensação de conforto pessoal. Isso sempre gera desafios de sanar as reclamações e não atrapalhar o desempenho de todos no ambiente de trabalho.”, relata a gestora.

Equipe afinada

Como pares para atender a tantas demandas Sabrina conta com o apoio de dois supervisores para o segmento de Mercado Envios e uma analista direta. “Hoje no time de real estate somos em mais mulheres. Na minha opinião, em cargos como os de gestão, dinâmicos e mais intelectuais, o gênero não faz diferença. Homens e mulheres têm a mesma chance e capacidade intelectual, diferente de ocupações onde há distinção por biotipo físico”, explica.

Para ela mulheres têm a favor mais delicadeza em alguns assuntos. Já os homens são mais diretos em outros. “Em equipe, um complementa o outro para que os objetivos sejam alcançados em conjunto. Por isso somos um time, independente dos gêneros”, pondera.

Como dica Sabrina compartilha uma experiência que resultou no segundo lugar no Prêmio ABRAFAC 2019: a utilização da tecnologia a favor da gestão de facilities. “Ainda temos no mercado uma gestão manual, passível de erros. E a tecnologia vem sendo adaptada em novos aplicativos e sistemas de gestão que ajudam muito”.

Em uma análise de seus pontos fortes, Sabrina é pragmática ao indicar a rapidez e praticidade ao atender de uma nova demanda até um grande desafio. “O que me motiva são as novidades que não param de chegar. Essa falta de rotina, os episódios que acontecem nos bastidores quando todos estão trabalhando, isso me motiva. Ir em busca de novas soluções, agilidade e assertividade.”

Açai geladinho

Ao analisar sua trajetória Sabrina revela que enveredou pelo universo do facilities por acaso, há 13 anos. “Comecei como arquiteta fazendo projetos de layouts. Quando vi já estava cuidando de limpeza, depois de frota, depois de segurança… e nunca mais parei!”, relembra.

Inclusive, o fato de ser arquiteta, acaba sendo positivo para uma experiência profissional ainda mais positiva no segmento. “Não sei se tanto por ser mulher, mas muitas vezes acabo sendo acionada para ajudar ou palpitar em novo projeto ou evento”.

Some-se a isso a capacidade de comunicação e o traquejo em lidar com adversidades. “Costumo contar uma história que foi tensa, mas acabou sendo muito positiva. E, com ela aprendi que a comunicação e transparência são o melhor caminho com nossos clientes internos.”, relembra.

“Fazia muito calor, era pico de verão e a Melicidade tem como característica construtiva o concreto armado, com vidros e clarabóias que resultam em armazenamento de muito calor – que só é tratado com o uso do ar condicionado. Naquele dia tivemos um problema sério e o sistema central de ar condicionado pifou. Sabíamos que levaria, ao menos, uma hora para conseguirmos fazer todos os reparos e mais 40 minutos (em média) para adequar toda a temperatura após o religamento. Corremos nos bastidores buscando alguma forma de conforto já que sabíamos que as pessoas passariam muito calor durante aquelas quase duas horas.”, relembra.

Qual foi a alternativa de Sabrina para gerenciar o estresse dos usuários do espaço durante o tempo de reparo? Contratar um carrinho de açaí e comunicar o problema junto com a ação de distribuição da iguaria geladinha para refrescar e minimizar os impactos. “No fim, foi um sucesso e todo mundo amou!”

Do presencial ao virtual

 A pandemia também trouxe uma enxurrada de novas demandas para a profissional, que teve a rotina alterada drasticamente. Ela lembra que antes do período de distanciamento social costumava ir ao escritório diariamente, mas desde o início da quarentena a gestão presencial virou 100% remota.

Isso resultou em aumento de reuniões virtuais. “Eu acredito que nós temos necessidade de contato com outras pessoas e, com a ausência dos encontros diários, mudamos esse contato para o virtual. Meu dia a dia está focado em manter nossos espaços, melhorar e assegurar a segurança e ações para quando a companhia determinar nosso retorno.”

Mas não foi fácil. Ela lembra que no início da pandemia os dias e até as semanas eram de muita insegurança. “Sem saber efetivamente o que nós, como área provedora de ambiente saudável deveríamos fazer para assegurar isso, seguimos em frente. Mas, o tempo é sempre o nosso melhor amigo e, com ele, tivemos acesso a pesquisas que determinam o que pode ser eficaz para aplicarmos. Agora, o time está mais seguro, implantando e trabalhando conforme as demandas”.

Além das atividades da Melicidade, todos os escritórios administrativos “Meli” na América Latina foram fechados e apenas os times de manutenção, limpeza, segurança e TI seguram com acesso, mas trabalhando de forma rotativa para evitar aglomerações para manter ambientes e sistemas em funcionamento. “Tudo para que os demais colaboradores pudessem seguir trabalhando de forma remota”.

Sabrina também diz que as equipes da linha de frente não pararam durante período de isolamento social. “Eles foram e são fundamentais para nossa segurança e possível retorno. Seguiram trabalhando para manter tudo em ordem e chegamos até a implantar melhorias. Entregamos uma grande obra administrativa, com tempo de execução reduzido apesar de diversos obstáculos.”, comemora.

Para Sabrina, a explicação está no fato de o ser humano ter a incrível capacidade de se adaptar às adversidades. “Essa foi mais uma, nos adaptamos e logo, logo isso passa e seguiremos nossa realidade e nosso trabalho”, diz com entusiasmo.

No entanto alguns ajustes foram necessários para garantir a segurança, como a mudança da freqüência de limpeza e desinfecção dos espaços e dos filtros de ar condicionado. “Estamos utilizando produtos específicos e cientificamente comprovados para o combate e eliminação de bactérias e vírus.”, pontua.

Além disso, o protocolo determinado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) tem sido aplicado: aferição de temperatura, distanciamento social, obrigatoriedade de máscara, limpezas recorrentes, mais dispensers de álcool em gel e self cleanings. Comunicação visual com orientações e avisos também foi providenciada.

Olhar feminino

Apesar de o setor ainda ser dominado pela presença masculina, Sabrina enxerga mudanças acontecendo. “As mulheres têm a mesma capacidade intelectual que os homens, isso não é definido pelo gênero. Mas, vivíamos ainda numa sociedade bastante machista no sentido de que os homens podiam trabalhar enquanto as mulheres ficavam em casa. O que temos hoje ainda é um pouco de reflexo dessa criação. Mas muito mudou. Eu sinto e vejo isso a cada encontro que temos da área. A cada dia, estamos divididos de forma mais equilibrada”.

A gestora pondera ainda que o fato de ser mulher colabora para o exercício das atividades. “Nossas delicadezas e a facilidade com os detalhes ajuda muito em uma profissão onde a experiência é muito valorizada”.

Mas nem mesmo o olhar apurado e consciência sobre sua atuação no setor foram suficientes para amenizar a surpresa e felicidade ao ser uma das indicadas ao “Prêmio Mulher Destaque em Facilities”.

Sabrina conta que sabia da premiação, mas não imaginava, que, de alguma forma, tinha potencial para participar. “Ser indicada e ter este destaque já foi um imenso prazer. Tenho muito orgulho disso”, revela, para acrescentar: “esse prêmio é a concretização de que as mulheres estão ocupando uma área até então caracterizada pela presença masculina. Isso comprova que estamos conquistando igualdade e equidade”.

Mãe ao cubo

Nem tudo é trabalho. Quando não está cuidando das inúmeras atribuições profissionais a paulistana de 40 anos se dedica ao seu grande sonho: “ser mãe ao cubo”. Os filhos Matheus (12 anos), Rodrigo (10) e Maria Luisa (7) são a prioridade, assim como o marido e a cachorrinha da raça shitzu Pelota. E sim, sobra até tempo para assistir séries.

Sabrina é também fundadora do grupo “Decoradoras do Bem”, uma ação conjunta de decoradoras de festas infantis que montam, produzem e entregam festas a instituições carentes.

Só fica faltando na lista de sonhos a serem concretizados o reconhecimento no mercado profissional como referência em gestora. No entanto, o pontapé já foi dado!

Fonte: ABRALIMP – Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional.

Foto: Divulgação.